É
comum ficarmos espantados diante do avanço tecnológico alcançado pela
humanidade em nossos dias. As descobertas são tão frequentes e dinâmicas que
chegamos ao ponto de ver ultrapassado no dia seguinte algo que nos parecia ser
a invenção mais fabulosa no dia anterior.
A
televisão e os outros veículos de comunicação aproximaram tanto os povos que
nos possibilitam saber instantaneamente o que acontece no outro lado do
mundo.
Apesar
de estarmos acostumados a essas mudanças radicais no nosso cotidiano, somos
forçados a admitir que muitas vezes nos sentimos literalmente perdidos em
certas situações.
Tanta
tecnologia... tanta globalização... tantas informações... tantas opiniões...
tantas oportunidades... tanto conforto material... tanto... tanto...
Diante
de tantas opções, poderíamos nos considerar os mais felizes do mundo, os mais realizados
em todos os sentidos. Mas isso não tem ocorrido.
Há
30 ou 40 anos atrás, acreditávamos que o avanço tecnológico poderia melhorar a
nossa maneira de viver. Acreditávamos que com o passar do tempo, o conforto
material nos proporcionaria mais tempo e tranquilidade para buscar a Deus e ter
comunhão com nossas famílias e amigos...
Hoje,
nos deparamos com todas as conquistas almejadas, mas ao mesmo tempo, nos
sentimos perdidos em nós mesmos. Aquilo que deveria ser uma conquista acabou se
tornando, em alguns casos, praticamente um fracasso na vida do homem moderno.
Mais
tecnologia e conhecimento geraram mais liberdade e esta, mais libertinagem e
com isso um maior afastamento da comunhão com Deus na vida de muitos de nós.
Moisés
estava aberto às possibilidades de um relacionamento mais íntimo com Deus e
demonstrando toda a sua confiança pediu que Ele lhe mostrasse o caminho ou a
maneira pela qual poderia encontrar graça diante de “Seus olhos”.
Vemos isso em Êxodo 33:13 quando ele diz:
“Agora, pois, se achei graça aos teus olhos, rogo-te que me faças saber neste
momento o teu caminho, para que eu te conheça e ache graça aos teus olhos; e
considera que esta nação é teu povo.”
A
maneira pela qual Moisés expõe o seu desejo de conhecer o caminho para que esse
relacionamento se realize, ajuda-nos a entender a necessidade que temos de ser
firmes em nossas convicções e de que não devemos nos abater, mas insistir nessa
busca, na certeza de que agindo assim encontraremos graça diante de Deus.
Muitos de nós, em determinado momento da vida,
deseja encontrar o caminho, mas talvez o nosso maior inimigo nessa busca seja o
imediatismo. Infelizmente queremos que as coisas se resolvam como num passe de
mágica.
Moisés
subiu ao monte Sinai e ficou ali por 40 dias. Sem que o povo soubesse que seu
retorno estava próximo, começaram a reclamar e pediram que Aarão, irmão de
Moisés, fabricasse um deus para que fosse adiante deles, porque “aquele Moisés”, diziam eles, não sabiam
o que lhe acontecera.
Quantas
vezes tomamos o posicionamento daqueles homens que pressionaram Aarão a
fabricar o bezerro de ouro?
Dizemos que temos que viver o presente e alguns até sentenciam:
“Ainda sou muito moço, tenho que aproveitar a vida.
Daqui a pouco a vida passou e eu não fiz nada. Quando estiver com mais idade
vou procurar uma “religião” que me aceite como eu sou e não fique me
pressionando para mudar a minha maneira de pensar e de viver...”.
“Tenho tanto tempo pela frente. Preciso conseguir
minha independência financeira. Aí sim poderei pensar em minha vida
espiritual...”.
Esses pensamentos
constituem um grande erro, pois o nosso futuro dependerá da maneira como
vivermos o presente. Se formos sensatos e vigilantes no presente, certamente
poderemos esperar uma vida mais tranquila no futuro. Se, ao contrário,
desperdiçarmos o nosso tempo com futilidades, acreditando que poderemos
recuperar o “tempo perdido”, maior será a probabilidade de fracassarmos.
Não somos perfeitos e como não existem “super heróis espirituais” também
devemos ter paciência em relação a nós mesmos, mas isso, de forma alguma, deve
se transformar em comodismo, pois cada um de nós é responsável pelos próprios
atos. Certamente,
a bondade de Deus nos conduzirá ao arrependimento, mas a que preço?
Precisamos
suportar as lutas e as dificuldades que esta busca produz, mas o livramento que
tanto aguardamos e que aos olhos de muitos e, algumas vezes, aos nossos
próprios olhos, parece tão distante e impossível, pode ocorrer a qualquer
momento. Talvez amanhã ou, quem sabe, hoje mesmo.
O
amor de Deus aguarda com paciência que nos arrependamos dos maus caminhos pelos
quais temos trilhado e que nos apresentemos para iniciarmos a nossa caminhada
com Ele.
Saiba
compreender suas limitações. Não fique pensando que você é um “super herói espiritual” e que está
isento de errar. Fomos criados para andar em comunhão com Deus. Todos nós erramos
e necessitamos retomar o caminho que nos conduz a Ele.
É
importante lembrar que mesmo depois de estarmos trilhando os caminhos que Deus
nos mostrou, dependerá única e exclusivamente de nós mesmos, o sucesso nesse processo
de aprendizado e santificação e isso não se dará de uma hora para a outra. Não há palavras ou gestos mágicos, mas com
perseverança alcançaremos a vitória que tanto almejamos: Descansar à sombra do
Onipotente (Sl 91.1).
Haverá
a necessidade de nos aproximarmos cada vez mais de Deus através do nosso
crescimento espiritual e isso ocorrerá quando passarmos a conhecer mais o que
esse Deus que nos criou espera de nós.
Conhecendo
a Sua vontade para nossas vidas, conseguiremos entender Seus planos e as
promessas que tem para cada um de nós.
Permita
que Deus trabalhe na sua vida, a fim de que você possa ser mais útil em Suas
mãos.
Infelizmente,
muitas vezes transformamos o amor de Deus em lei para nossas vidas e isso nos
impede de olhar para dentro de nós mesmos e entender que somos limitados e
imperfeitos. Conheça suas limitações e se entregue nas “mãos” de Deus para que
Ele te fortaleça. Seja humilde diante dEle e Ele não apenas te consolará, mas
responderá aos anseios mais íntimos do seu coração.
Que
possamos dizer como Moisés: “Agora, pois, se achei graça aos teus olhos,
rogo-te que me faças saber neste momento o teu caminho, para que eu te conheça
e ache graça aos teus olhos;”.
Sempre
juntos em Jesus.
A.Carlos
(Texto extraído do Livro "Na Dimensão do Espírito - Volume I" de autoria de Antonio Carlos das Cunha)