“Se, com a
tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o
ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para
justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação. Porquanto a Escritura
diz: Todo aquele que nele crê não será confundido. Pois não há distinção entre
judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os
que o invocam. Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem
nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não
forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam
coisas boas!” (Romanos 10.9-15)
Vivemos dias
de profunda angustia, solidão e incertezas, que nos causam espanto diante de um
futuro que à primeira vista parece ser ainda pior.
Olhamos à
nossa volta e o que presenciamos é uma sociedade feroz e desumana, à semelhança
de um grande monstro que viesse das profundezas da terra para nos ferir, matar
e por fim nos engolir.
E quantos de
nós não se sente totalmente impotente diante de tal situação?
Essa
preocupação não é objeto apenas dos se dizem “religiosos”, mas faz parte também
da vida e dos pensamentos dos que se dizem ateus convictos, autoridades
mundiais, imprensa secular, etc. Parece que o medo e a apreensão fazem parte do
nosso dia a dia. É como se tivéssemos a necessidade de respirar violência,
alimentarmo-nos da indiferença em relação ao nosso semelhante e descansar
diante da injustiça cometida em graus nunca vistos ou imagináveis.
Realmente os
dias são muito maus e o Senhor Jesus nos advertiu que seriam assim.
O texto que
lemos nos mostra a preocupação do apóstolo Paulo em alcançar vidas para o Reino
de Deus, mas nos adverte de que é necessário pregar a Palavra de Deus para que
o pecador se arrependa e seja salvo.
Com toda a
certeza, há 400 anos, os primeiros pregadores protestantes estavam preocupados
com isso, pois acreditavam que a vinda de Jesus estivesse próxima. Como o Seu
retorno não se concretizou, parece que a chama foi se apagando. Felizmente,
pela graça de Deus, ela não se apagou totalmente e com o advento do
pentecostalismo moderno, no inicio do século passado, o desejo de alcançar
almas para Cristo voltou a fazer parte da vida dos cristãos.
Mas tão
forte como começou, acabou se enfraquecendo novamente, e atualmente o que se vê
é uma preocupação exagerada com a vida material dos crentes, ao invés do
cuidado espiritual que deveria fazer com que os crentes buscassem conhecer mais
a Deus e ter intimidade com Ele. A ênfase de hoje é a prosperidade financeira
em detrimento da santificação; o louvor é um show e não adoração a Deus; a
oração é um ato de reivindicação e não de submissão à vontade de Deus. Para os
que assim pensam: abençoado é o crente rico: o pobre invariavelmente está em
pecado. Este é o espírito que, infelizmente, tem movido muitas igrejas atuais,
mas felizmente algumas têm resistido bravamente à tentação do século e têm
permanecido simples e consagradas ao Senhor e à Sua mensagem.
Queridos
irmãos, a atitude externa que devemos expressar e que move o coração de Deus é
o desejo de alcançar vidas para o seu Reino e ela só poderá se concretizar
quando partir de dentro para fora: do coração, como disse o Senhor. Existe na
Palavra de Deus, a Bíblia, um homem que através da sua vida e conduta nos
ensina o que devemos e o que não devemos fazer em relação à ordem expressa que
Deus nos dá para pregarmos a Palavra a fim de alcançar os perdidos deste mundo.
Este homem foi o profeta Jonas.
A história
de Jonas, a princípio pode parecer algo isolado, perdido no tempo e no espaço,
mas podemos verificar através da leitura de seu livro que ele foi o primeiro
pregador aos gentios, àqueles que não eram judeus e, portanto, na época, não
pertenciam ao povo de Deus.
Jonas
recebeu uma ordem divina para pregar a mensagem de arrependimento aos ninivitas:
“Veio a palavra do SENHOR a Jonas, filho de Amitai, dizendo: Dispõe-te, vai à
grande cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até
mim.” (Jonas 1.1,2), mas ao invés de cumprir a ordem que o Senhor lhe dera ele
procurou fugir da presença de Deus.
Porque será
que o profeta não estava disposto a levar a mensagem de arrependimento aos
habitantes daquela cidade? Não era ele um profeta? E os profetas não eram os
mensageiros de Deus na Terra?
Para muitos,
Jonas era alguém “sem coração”, mas são poucas as pessoas que procuram se
colocar no lugar do profeta. Com certeza Jonas havia presenciado muitas
maldades que os ninivitas haviam praticado. Os ninivitas eram cruéis, amavam as
guerras e as condutas imorais e Jonas deve ter assistido muitas dessas
atrocidades e por essa razão tinha não apenas o desejo de que aquele povo fosse
consumido pelo poder divino, mas também tinha medo de levar a mensagem de
salvação àquelas pessoas.
Quantos de
nós hoje em dia nos colocamos na posição de Jonas?
Quantos de
nós temos receio, para não dizer medo e indiferença em relação à pregar a
mensagem do Evangelho da Graça e da Salvação através de Jesus Cristo àqueles
que estão perdidos nas drogas, na prostituição ou no crime...?
Jonas com certeza foi um homem de fé, mas não a vivia em sua
plenitude.
O caminho da
desobediência é sempre um caminho descendente, como diz o Salmista: Um abismo
chama outro abismo (Salmos 42.7a). Podemos identificar em Jonas algumas falhas
de caráter que devemos evitar em nossa caminhada como cristãos:
a) Jonas tinha falta de
misericórdia. Já disseram que Jonas devia ser tão intragável que nem mesmo o
peixe conseguiu ficar com ele no estomago.
Jonas queria
que a graça e a misericórdia de Deus se manifestassem apenas para o povo judeu.
Quantos
irmãos não conseguem olhar para as pessoas que não professam a fé em Jesus
Cristo com amor e o fazem com uma indiferença que é perceptível a todos? Não
são poucos os que parecem desejar que eles morram sem serem alcançados pela
salvação que o Senhor Jesus nos concedeu.
b) Jonas era arrogante e
prepotente. Queria ser “dono” de Deus, queria dar ordens ao Senhor. Ficou bravo
com Deus porque Ele desejava salvar os habitantes de Nínive: “Viu Deus o que
fizeram, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal
que tinha dito lhes faria e não o fez. Com isso, desgostou-se Jonas
extremamente e ficou irado.” (Jonas 3.10-4.1) Queixa-se da perfeição divina
mostrando-se frio e sem sentimentos.
Milhões de
pessoas que foram criadas à imagem e à semelhança de Deus para viverem em
alegria diante d’Ele estão indo para o Inferno porque muitos de nós não temos
concedido a esses irmãos a oportunidade de conhecerem o amor e a misericórdia
divina.
Se estamos
conseguindo tudo aquilo que há tanto tempo almejávamos, que nos importa os que
nada têm...?
Se em nossas
mesas temos alimentos sobrando, porque vamos nos preocupar com aqueles que têm
falta até mesmo do essencial para a sobrevivência...?
Afinal de
contas não fazemos parte de um povo separado por Deus...?
É muito
triste constatarmos que esses pensamentos fazem parte da conduta e do “caráter”
de muitos que se dizem “nascidos de novo” e andam ao nosso lado.
c) Jonas era perverso e
egoísta
Jonas pregou
a mensagem que o Senhor lhe ordenara que fizesse, mas não acreditou que
realmente aquele povo se arrependeria e por essa razão preferiu fazer uma
barraca para descansar enquanto Deus consumisse a cidade.
Preocupou-se
muito mais com a planta e não teve a menor misericórdia para com o povo, o que
levou o Senhor a dizer-lhe: “Então, perguntou Deus a Jonas: É razoável essa tua
ira por causa da planta? Ele respondeu: É razoável a minha ira até à morte.
Tornou o SENHOR: Tens compaixão da planta que te não custou trabalho, a qual
não fizeste crescer, que numa noite nasceu e numa noite pereceu; e não hei de
eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte
mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda, e
também muitos animais?” Jonas 4.9-11)
Felizmente
Deus não age como Jonas. Ele sempre nos concede uma nova oportunidade. Aquele
povo não conhecia a Deus e assim que receberam a mensagem que Ele lhes enviou
se arrependeram de seus maus caminhos e tiveram não somente suas vidas
poupadas, mas modificadas a ponto de fazer com que Jonas se irasse
profundamente, preferindo morrer a ver a salvação daquele povo.
Quantos de
nós não agimos assim?
Quantos de
nós, ao vermos morrer uma pessoa que aos olhos da sociedade é tida como vivendo
à margem porque não se submete às suas regras dizemos que “já morreu tarde!”?
Deus deseja
que o pecador se arrependa de seus pecados e para Ele não importa o tamanho
deles.
O desejo de
Deus é de que todos os pecadores se arrependam e sejam salvos por Ele.
Com que
espírito temos nos dirigido ao mundo?
Somos
portadores de boas novas? Temos uma mensagem abençoadora ou amaldiçoadora?
Somos portadores e mensageiros da Graça de Deus em Jesus Cristo ou temos sido
pregadores mal humorados que ao invés de conduzir as almas ao aprisco divino
estamos afastando-as d’Ele?
DEUS QUER SALVAR O PECADOR e Ele nos chama para:
a) Sermos obedientes
Devemos obedecer a Deus e
não valorizar nossas ideias preconceituosas em relação aos nossos irmãos e aos
que se encontram perdidos nesse mundo.
Jesus nos
deu uma ordem em Mateus 28.19,20: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou
convosco todos os dias até à consumação do século.”
b) Amarmos as almas perdidas
O mundo
precisa saber quem na realidade é o Senhor Jesus Cristo, conforme nos ensina o
apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos, quando diz: “pois todos pecaram e
carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça,
mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue,
como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus,
na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em
vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo
e o justificador daquele que tem fé em Jesus.” (Romanos 3.23-26)
Precisamos
amar as almas perdidas desse mundo e não nos regozijarmos quando elas perecem,
e por não terem tido um encontro com Jesus, irão sofrer eternamente como nos
afirma a Palavra de Deus em diversas passagens.
Quantas
vezes deixamos de pregar o Evangelho por ter receio da receptividade que
teremos? Quantas vezes escolhemos as pessoas a quem vamos falar do amor de
Deus? Quantas vezes deixamos de pregar a Palavra porque entendemos que a pessoa
não irá aceitar a mensagem, esquecendo de que quem convence o homem do pecado,
da justiça e do juízo é o Espírito Santo e não nós mesmos, como nos ensina a
Palavra: “Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não
for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo
enviarei. Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo:
do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me
vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.” (João
16.7-11)
c) Melhorarmos nossa conduta (testemunho)
Jonas era um
homem que conhecia a Palavra e o amor de Deus, mas não colocava em prática o
que sabia.
De nada nos
adianta conhecer a Palavra se não a vivermos.
De nada nos
adianta saber que o mundo precisa ouvir a mensagem de Salvação e não pregá-la.
O nosso
testemunho de vida deve fazer com que aqueles que nos cercam desejem buscar ao
Deus que servimos, porque veem em nós pessoas diferentes não pelas roupas que
vestimos ou pela Bíblia que carregamos, mas pelo amor que temos para com todos
que nos cercam, quer sejam eles crentes em Jesus ou não; quer sejam salvos ou
pecadores; quer pensem ou não como nós; quer sejam pobres ou ricos; não importa
a condição que tenham, devemos amá-los e fazer com que através do testemunho
que damos e da mensagem que pregamos eles também sejam alcançados para Deus.
Jesus suportou
todas as afrontas e indiferenças daqueles a quem veio salvar, nem mesmo aqueles
que se diziam amigos (discípulos) permaneceram fiéis nos momentos difíceis
pelos quais passou e ainda O abandonaram na hora extrema. Que o Senhor tenha
misericórdia de nós e não permita que isso ocorra conosco.
d) Aprendermos com Ele.
O que temos
aprendido com tantos sermões que temos ouvido ou com tantos estudos que temos
realizado se não os colocamos em prática em nossas vidas?Temos nos tornado
cristãos melhores ou estamos apenas “engordando e alimentando” nosso ego?
Em nosso
humilde conhecimento da Palavra de Deus, entendemos que a Igreja existe para
alcançar vidas para Jesus. De que nos
adianta cantarmos bem em nossos cultos se nunca levarmos uma vida à presença de
Jesus? Que louvor a Deus é esse que não faz com que amemos nossos semelhantes a
ponto de falarmos do amor de Deus para com todos os que estão perecendo?
Quantos
“crentes agentes secretos” temos nos dias de hoje? Crentes que não se preocupam
em demonstrar aos outros a sua fé em Jesus Cristo porque entendem que isso os
prejudicaria em seu convívio na sociedade?
Que o Senhor
nos ajude para que nunca venhamos a nos portar como o profeta Jonas, mas que
possamos falar como o apóstolo Paulo, quando ensina seu discípulo Timóteo e aos
Romanos dizendo:
“Sou grato
para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me
considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que, noutro tempo, era
blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na
ignorância, na incredulidade. Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a
fé e o amor que há em Cristo Jesus. Fiel é a palavra e digna de toda aceitação:
que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o
principal.” (2 Timóteo 1.12-15)
“Pois não me
envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo
aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de
Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por
fé.” (Romanos 1.16,17)
Sempre
juntos em Jesus.
Antonio Carlos,
aprendiz de servo