“Contudo,
Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Então, repartindo
as vestes dele, lançaram sortes.” (Lucas 23.34).
Por onde passava, as multidões O buscavam para estarem com Ele,
ouvirem seus ensinamentos e se admirarem com as maravilhas que Deus operava por
Seu intermédio.
Foram três anos e meio que a humanidade nunca mais esqueceu.
Uns o amavam e não queriam se distanciar de sua presença, outros,
ao contrário, o odiavam e queriam matá-lo a qualquer preço. Realmente, Ele
nunca foi unanimidade.
Os pobres, os coxos, os aleijados, as prostitutas e os pecadores
simplesmente queriam estar com ele, não importando o local ou ainda se tinham
ou não alimento para se manterem ouvindo suas palavras e sendo amados por Ele.
Em contrapartida, os poderosos, os religiosos e os principais da sociedade não
queriam estar nem um minuto ao seu lado, pois lhes parecia que suas palavras e
atitudes constantemente os condenavam.
Jesus viveu esse paradoxo. Amor e ódio sempre estiveram presentes
ao longo de sua curta, mas expressiva vida entre nós.
Quando foi preso e caminhava para ser crucificado, talvez muitos
daqueles que antes queriam estar com ele, agora lhe davam as costas. Seus
discípulos se foram assim como as multidões que foram alimentadas e curadas por
Ele. Pedro, o futuro pescador de almas, por três vezes o negara, com receio de
ser condenado juntamente com ele.
Naquele percurso até o Gólgota ele pode sentir todo o ódio e o
desprezo que seus irmãos lhe devotavam e, sem nenhum tipo de misericórdia,
pregaram suas mãos e pés no madeiro e o levantaram para que morresse como um
malfeitor.
Seu crime? Amou ao mundo de tal maneira que aceitou se entregar
para morrer pelos pecados de todos aqueles que não apenas o condenaram, mas
abandonando-o escarneciam e cuspiam-lhe no rosto.
Aos olhos de muitos de nós, Ele tinha todo o direito de desejar a
morte daqueles que o ofendiam. Bastava pedir ao Pai e Ele exterminaria a todos,
mas ao contrário das expectativas daqueles que presenciavam aquele triste
momento, Ele levantou os olhos aos céus e pediu ao Pai para que os perdoasse
porque eles não sabiam o que estavam fazendo.
Olhando para Jesus naquele momento, muitos de nós podemos nos
identificar com aqueles que o crucificavam e perguntar a nós mesmos que fim
merecemos quando tratamos com ódio e indiferença aos nossos irmãos, quer eles
pensem ou não como nós, quer professem ou não a mesma fé que professamos. Que
sentença gostaríamos de receber por parte de nossos semelhantes:a morte ou o
perdão?
Hoje em dia o que mais se ouve nos lábios dos seres humanos
espalhados por toda a face da Terra é o grito de agonia e o clamor por justiça.
Não a justiça Divina, que diz que devemos descansar em Deus e confiar que Ele
fará o que deve ser feito em relação ao problema ou aos envolvidos, mas a nossa
própria justiça que visa sempre o nosso bem estar. Ainda somos muito falhos em
diversas áreas de nossas vidas e por essa razão, não raras vezes, legislamos em
causa própria.
Jesus nos ensinou naquele momento de dor e abandono que devemos
procurar de todas as formas os meios e as razões para perdoar aqueles que nos
ofendem e oprimem. Não importa o conceito que o mundo tem acerca de como se
praticar a justiça. As leis humanas são elaboradas por seres humanos e por essa
razão sujeitas a falhas muitas vezes difíceis de serem corrigidas e longe de
serem consideradas justas. O
amor estanca o ódio. O ódio é semelhante a uma flor que necessita ser regada
regularmente para crescer. Se a deixarmos sem água ela perece e para nada
serve.
Alguns podem não acreditar e continuam espalhando ódio e
sentimentos de vingança por onde passam, mas nós que somos os mensageiros da
paz e da misericórdia que há em Jesus Cristo, não podemos agir assim e por essa
razão faz toda a diferença no mundo em que vivemos. Busquemos ao Senhor e
peçamos forças e entendimento para espelharmos o perdão e o amor por onde quer
que passemos.
Disse João em sua primeira Carta:
“Aquele
que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de
Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para
vivermos por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a
Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos
nossos pecados. Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também
amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus
permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado. Nisto conhecemos que
permanecemos nele, e ele, em nós: em que nos deu do seu Espírito.” (1 Jo
4.8-13).
Quem
ama, perdoa e auxilia no crescimento do próximo, fazendo com que as relações
humanas se aproximem cada vez mais do modelo proposto pelo Senhor.
Sempre juntos em Jesus.
A.Carlos
Nenhum comentário:
Postar um comentário