quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Moradas de violência

Certo dia, tirei uma interessante fotografia da superfície da Terra ao voar de um avião a jato sobre a estratosfera.
Até a curvatura da Terra aparecia tão clara que me produziu estranha sensação.
O alcance da câmera fotográfica apanhara qua­se toda a extensão que vai do Oregon ao México, espraiando-se pela cadeia montanhosa, Nevada afora.
Lembrei do que dizem as Escrituras:
O Senhor olha desde os céus e está vendo a todos os filhos dos homens; da sua morada, contempla todos os moradores da terra. (Salmo 33.13,14)
Fiquei a olhar aquela foto bastante incomum, e meu espírito me levou para bem longe daquele espa­ço de onde contemplei este planeta — a nossa Terra — solto no ar, como disse Jó.
Pensei nas muitas vezes em que, assentado à ja­nela dum grande avião estratosférico, a voar a muitas milhas acima da Terra, eu via lá em baixo, perdi­das na mata tropical, inúmeras vilas incrustadas na selva brava, e também grandes cidades negligencia­das, onde habitam milhões de pessoas ainda não atin­gidas pelo Evangelho.
O que faremos para que essa gente tenha a opor­tunidade de ouvir o Evangelho?Muito raramente, o povo pára um bocado para encarar com realidade os fatos. Constantemente, os cristãos ficam impressionados com o número de con­vertidos ou com o desdobramento dos planos missio­nários. Mas esquecem-se de que contrastando-se o ver­tiginoso aumento da população mundial com o nú­mero de conversões e os resultados de todas as igrejas juntas, o mundo está realmente voltando ao paganis­mo — e isso a passos de gigantes.Em vez de anunciar as Boas Novas para a rápida evangelização do mundo, os fatos têm prognosti­cado um futuro com o império de religiões pagas e de idéias ateísticas, se não se der já suprema priori­dade à evangelização intensiva.
Se você e eu nada devemos fazer nesse sentido, então Jesus foi um insensato filósofo cheio de mara­vilhosas idéias acerca da pregação do Evangelho a toda criatura, as quais são muito mal-concebidas e impraticáveis.Se sorrimos e deixamos de encarar tais fatos, se preferimos ter "ouvidos de ferreiro" ao clamor desta geração que anseia pelo Evangelho, se damos de om­bros em atitude de insensibilidade e dizemos: "Bem, é certo que eu não tenho a resposta para isso; e nem vejo o que posso fazer sobre isso", então estamos di­zendo a Jesus: "Acho que Te tornastes excêntrico e iló­gico, se esperas que levemos o Evangelho a tantos e tantos povos. Esse é um plano impossível, próprio de um visionário, e mais ainda".Será que é isto mesmo que você pensa do Senhor Jesus?
Pessoalmente, o que você acha que pode fazer para ajudar a levar o Evangelho à sua geração?Há um modo prático de se tratar tão magno as­sunto? O leitor acha que nada tem que ver com esses milhões? Acha que basta ir aos cultos, fazer boas ofer­tas como família, e cuidar de seus próprios afazeres?
O leitor já viu uma pobre mãe subir ao topo de uma árvore bem alta e atirar-se ao chão, quebrando os seus ossos em morte sacrificial? Já viu?
Isso ainda se faz hoje na África. Por que? Porque morreu uma criança e o médico feiticeiro achou que a mulher era a responsável por aquilo. Diz que se a mulher for inocente, aquele salto do alto da árvore em nada a prejudicará. Se morrer a mulher, fica pro­vado que era a culpada, e toda a povoação se ajunta para ratificar o julgamento.
Já estive em algumas dessas vilas ou povoados africanos. Por horas, assentei-me junto deles para con­versar a respeito desses costumes.
Aqueles homens e mulheres são tão humanos quanto nós, quanto você, meu leitor. As mães de lá acariciam seus filhinhos justamente como você. Os laços familiares são muito fortes na África. Mas aquela gente nunca ouviu falar que existe uma maneira me­lhor de viver. Estão em trevas. São negligenciados. Não conhecem coisa melhor.
Também quase posso ouvir alguém dizer: "Irmão Osborn, isso é coisa ridícula. Estamos no século vinte. Eles realmente conhecem coisa melhor".
Então vá e veja com seus próprios olhos. Hoje são milhões.Será que mudarão o seu viver se você lhes falar? É claro que sim. Saltarão de alegria quando você lhes mostrar melhor caminho.
Saiba, amigo leitor, que não se passa um mês sem que chegue até nós novo pedido, vindo de algum che­fe africano, para que lhes mandemos alguém para ensinar lá à sua gente algo acerca de Jesus.
E você me dirá: "Então, por que não vai, Sr. Osborn, para lhes anunciar o Evangelho, já que sabe muito bem quais as tristes condições em que vive aquela gente?"
Pois eu estou indo — tão depressa quanto minhas forças me permitem.
E estou enviando o maior número que posso. Hoje em dia estamos sustentando integralmente 2.300 mis­sionários nacionais em vilas que ainda não foram alcançadas pelo Evangelho.
Além disso estamos enviando a milhares de vilas livros, tratados, fitas gravadas, discos e filmes em suas línguas nativas.
Mas, não basta. Precisamos fazer mais.
Você já viu um médico feiticeiro arrancar violen­tamente dos braços da mãe desvairada o filhinho, colocá-lo de costas no chão e encher a sua boca com areia até matá-lo? Isso se faz ainda hoje no coração da Austrália entre aborígines!E por que? Pelo fato de haver morrido um adulto e se precisar encontrar uma vítima para acalmar os maus espíritos que só aceitam sacrifício humano. A religião deles assim o requer!Não obstante, você já não ouviu alguns dizerem por aí que as religiões dos pagãos lhes bastam?
Que Deus se apiede daqueles que assim pensam!
Gostaria você que seu filhinho, por motivos de religião, fosse sufocado de areia até morrer?
Você já viu colocar-se uma grossa corda no pesco­ço de uma esposa bela e jovem, e fazê-la morrer es­trangulada, pouco a pouco?
João Geddes viu isso quando esteve numa ilha do Sul do Pacífico.
Por que fazem isso? Por religião. Uma vez que o marido lhe morreu, deve ela ser enterrada com ele. É o que os sacerdotes da religião deles determinam, e exigem!
Ela deve acompanhar o marido em sua viagem. E, se o filho mais velho tem idade suficiente, deve ele mesmo estrangular a mãe que ficou viúva. Se deixam filhos muito pequenos, que não podem viver por si, devem também ser estrangulados.
Você está de acordo com isso? Acha você que essa religião é boa para aqueles pagãos? Claro que não; mas eles não conhecem outro caminho, outra maneira de vida. Assim, agem conforme as luzes que têm.
Não admira, pois, que a Bíblia afirme: Os lugares tenebrosos da terra estão cheios de moradas de crueldade (Sl 74.20).
Oh! Quanto esses lugares precisam conhecer Je­sus! E quão felizes serão quando ouvirem alguém lhes falar sobre Ele.
Você já viu um pobre devoto pagão postar-se no centro de uma vila, sacar de uma comprida adaga e retalhar sua própria cabeça até o sangue jorrar por entre os cabelos, e daí encher os talhos ou ferimentos com jornais, e atear fogo em tudo? Já ficou a ver aquele fogo chiando nos cabelos e no sangue dele?
Hoje isso ainda se faz em terras pagãs! Por que? Por religião. Você faria isso para alcançar um lugar de paz no céu, como pensam aqueles pagãos?
Você responde que não, sei disso. Mas, você pro­cederia desse modo, se não conhecesse outro cami­nho. Se você tivesse nascido entre aqueles pagãos, estaria agindo do mesmo modo. Pense nisso.Você condena e reprova tais atos de violência, por­que conhece coisa melhor. E é justamente esse o moti­vo por que afirmo que eles também mudarão o estilo de vida, caso alguém lhes anuncie coisa melhor. Ago­ra estão perdidos, esquecidos, pois ainda não foram alcançados pelo Evangelho.
E Jesus a nós, que estamos salvos, ordenou que lhes levemos a luz do Evangelho.
Esse assunto tem a ver com você, prezado leitor? Quer você tomar parte nessa maravilhosa missão?
Já viu um médico nativo ajoelhar-se sobre uma bela e jovem donzela, deitada de costas no chão, aper­tar entre seus joelhos a cabeça dela, e serrar-lhe, um por um, os dentes, em meio dos seus gritos de dor? Já viu tal moça a suar, com corpo todo a tremer, e com o sangue a escorrer-lhe das gengivas laceradas, levan­tar-se do chão para viver o resto de sua vida apenas com aquelas horríveis e feias gengivas?
Você sujeitaria sua filha a um costume assim bár­baro? É certo que não, porque conhece coisa melhor. Nem eles o fariam, caso conhecessem o Evangelho. A religião deles exige aquilo! E você continuará sur­do aos apelos que nos fazem para lhes levar a luz de Cristo? E irá talvez dizer: "Eu nada posso fazer nes­se sentido".Já viu que o médico deles corta o lindo rosto da criancinha em muitas tiras, e enfia, nos cortes e bura­cos, negros e sujos carvões?
Já ouviu os lancinantes gritos da pobre criança na agonia ao sentir o feiticeiro e médico marcar o seu peito e abdômen com grosseiros e esquisitos desenhos?Fazia-se isso na África, por século; e ainda isso se faz, de uma ou de outra forma, no corpo da maioria das crianças africanas!
Por que? Simplesmente por acharem que seus fi­lhos devem ter tais marcas. Não conhecem nada melhor. Fazem para seus filhos o que entendem ser a me­lhor coisa. E gostam de seus filhos tanto quanto nós!
Mais de uma vez pude presenciar esses ritos san­grentos. Deixou-me horrorizado tal espetáculo. Por isso dediquei minha vida toda a lhes mostrar o cami­nho de Cristo. Acho que sou devedor a esses pagãos.
Alguém, contudo, poderá dizer-me: "Mas, irmão Osborn, há boa diferença entre o senhor e eu. O se­nhor recebeu de Deus um chamado, uma vocação".Recebi? Quem disse isso? Não. Não me lembro de ter recebido essa vocação missionária de Deus.O que tenho feito é isso: tenho encarado os fatos que dizem respeito a todos e a cada cristão. Interes­sam-me todos os povos em geral, onde quer que vi­vam. Acho que Deus criou todos iguais. Não penso que seja razoável para mim o ser tão abençoado, ven­do os outros ainda tão necessitados de Cristo. Não acho que seja defensável eu conhecer a Cristo e gozar a Sua paz, e os pagãos morrerem em busca da paz, sem nunca se lhes falar em Cristo.
Por que há este de ouvir duas vezes o Evangelho antes que aquele ouça uma só vez sequer?
É por isso que vou, e faço tudo quanto posso, para alcançar os que ainda não ouviram o Evangelho.
Eis por que este ministério de evangelização se di­lata constantemente até havermos feito algo que al­cance os perdidos em todos os países livres do mun­do. E essa a razão por que sentimos que devemos ex­pandir grandemente nossos esforços para ganhar al­mas em cada setor.
Tenho visto os pagãos. Tenho sentido o pulsar do coração deles. Horas e horas, tenho-me assentado ao lado deles e conversado com eles. Tenho pregado a multidões deles. Sinto a grande fome que têm do Pão da Vida, quanto querem a Água da Vida. Tenho visto suas criancinhas, e o amor e dedicação de suas mães. Tenho estudado os seus laços de família, a sua devo­ção. Tenho andado e vivido no meio deles.
Não gozam de boa situação, de boa condição de vida. Não são felizes; ao contrário, vivem mal. São muito infelizes, miseráveis e sofredores. Vivem com medo de maus espíritos, e sempre estão a fazer algu­ma coisa para apaziguá-los.
No paganismo, não há sossego, nem paz nem ale­gria. As religiões deles não são boas nem suficientes para eles. Eles têm tanto direito de conhecer a Cristo quanto nós. Não somos os favoritos de Deus, somos sim, mais afortunados.Outros cristãos nos trouxeram o Evangelho. Ou­vimos e cremos. Estamos salvos. Mas eles ainda estão perdidos, perdidos, sim, perdidos. Urge que os alcan­cemos.
Antes de 1890 os sacrifícios humanos eram legais e populares na África. Quando morria um chefe, cor­tavam-se as cabeças de muitos, as viúvas eram enter­radas com os maridos falecidos, ou mortas e comi­das. Mergulhavam as mãos em óleo fervente.
Só o Evangelho conseguiu modificar isso. Mas, atrás das sinistras cortinas da vasta mata, ainda hoje, práticas desumanas campeiam e prevalecem!
Como se tornam bons cristãos aqueles nativos quando têm oportunidade de alcançar a salvação em Cristo!
Todas as semanas, chegam ao meu escritório rela­tórios mais que animadores, contando os grandes sa­crifícios feitos por cristãos africanos, ao suportarem traições, abusos e crueldades para levar o Evangelho à sua gente.
Alexandre Mackay nos fala de três rapazotes afri­canos que morreram pela causa de Cristo; tinham de doze a quinze anos! O mais velho avançou ao encon­tro da morte, cantando um hino. Cortaram-lhe os bra­ços, e o atiraram ao fogo, queimando-o vivo.Fizeram o mesmo ao segundo.
Por fim, o terceiro, o mais moço, de doze anos, su­plicou: "Não me cortem os braços, pois não vou ofe­recer resistência. Atirem-me ao fogo". Que heróis!
Os cristãos das gerações anteriores, da Igreja Pri­mitiva, sofreram além do que se pode descrever para levar o Evangelho a seus compatrícios.
Foram queimados vivos, apedrejados, serrados pelo meio, jogados em cavernas de leões e em masmorras, crucificados, decapitados, torturados em calabouços frios e escuros, exilados, assassinados em sangrentos massacres, torturados no cavalete até à morte, devorados vivos por feras.
Verdadeiramente o sangue dos mártires é a sementeira da Igreja. O preço que se pagou para que hoje tivéssemos o Evangelho foi esse: o sangue de dez milhões de atrocidades desumanas. E, agora, que estamos, você e eu, querendo pagar e fazer para le­var o Evangelho à nossa geração?
Hoje vive maior número de gente do que toda aquela que viveu de Adão até agora. É o que nos di­zem as estatísticas.
Quão grande, pois, a nossa responsabilidade de cristãos!
Jesus disse:
Pregai o evangelho a toda criatura. (Marcos 16.15)
Todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (João 3.16)
Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. (Atos 2.21)
Como, pois, invocarão aquele em quem não cre­ram? (...)e como ouvirão, se não há quem pregue? (Romanos 10.14)
Jesus morreu por todos, para todo o mundo. Ele veio para buscar e salvar o que se havia perdido (Lc 19.10).
Ele falou das cidades vizinhas e de outras ovelhas. O Apóstolo Paulo constantemente se esforçava para alcançar as regiões mais distante".
Cristo ordenou a Seus discípulos, e a todos os cris­tãos, que fossem até os confins da terra, às regiões mais distantes.
As multidões aí estão, milhões e milhões, prontas para a ceifa.
Famintas e sedentas. Atemorizadas e atormenta­das. Solitárias e abandonadas. Negligenciadas, esque­cidas e desconsoladas.
Eu e você, que estamos fazendo para alcançá-las?Alguns podem dizer: Sou eu guardador (ou tutor) do meu irmão? (Gn 4.9), a exemplo de Caim.
Quantos deram suas vidas, sangue, tudo que eram e tinham, e ainda cantaram em meio às chamas do martírio: "Cristo é Vencedor"— podemos acaso dei­xar de fazer o que nos é possível por esses multidões ainda não alcançados pelo Evangelho?
Eis que eu vos digo: levantai os vossos olhos e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa. (João 4.35)
Se você anteriormente deixou de fazer algo no que diz respeito à evangelização, isso não é razão para que continue a falhar.
Pode ser que Deus esteja chamando você para ir. Se assim é, obedeça-Lhe e vá. Responda-Lhe: "Eis-me aqui, Senhor, envia-me a mim".
Pode ser que Ele
queira que você envie outro, ou outros, em seu lugar, ou que você envie mensagens impressas, ou filmes etc. para salvar almas. Se assim é, economize quanto puder, e empregue isso na obra de alcançar os que ainda não foram alcançados. Faça a sua parte, e colabore na mais abençoada cruzada des­se presente século — a evangelização do mundo.
Pode ser que Deus esteja chamando você para orar por essa obra. Então ore, tornando-se intercessor. Po­nha dentro do seu coração esses milhões de pagãos não alcançados ainda. Ore pelos missionários nos seus campos de ação e para que aumente em muito o nú­mero deles. Interceda pelos cristãos nacionais, para que, com Cristo, resistam a todas as dificuldades, maus tratos e perseguições. Peça a Deus para que não faltem os recursos financeiros que possibilitam en­viar mensagens evangelísticas impressas, e também mensagens audiovisuais. Ore até que o mundo todo seja evangelizado.

Um comentário:

  1. Do mesmo jeito que falei para o Ben, este espaço é sempre maravilhoso. Estar aqui é sempre um enorme prazer. Beijos e um ótimo final de semana.

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