Vivemos dias
angustiantes. As pessoas se matam como se fossem animais famintos que tentam
sobreviver a todo custo.
A violência está por toda
parte e parece que a novidade para a vida do homem é o desejo de ver seu
semelhante sofrer, não importando por quais meios. As pessoas se perseguem
mutuamente e, para muitos, se os demais não pensarem e agirem como eles, deverão
ser eliminados.
O pensamento de alguns é:
“Pessoas que não têm o mesmo padrão
social que nós, estão atrapalhando a nossa ascensão, o nosso sucesso e alguma
coisa precisa ser feita para tirá-las do nosso caminho...”.
Muitos têm esse
pensamento e alguns, mais incisivos em sua perseguição, se acham no direito de
até colocar fogo em mendigos, que, no seu entendimento, cometeram o “pecado” de perderem tudo: emprego,
família, dignidade e agora a própria vida!
Os critérios que muitas
vezes usamos para manifestar o nosso senso de justiça é estranho e em muitos
casos, vergonhoso e injusto.
Quando colocamos os
nossos amigos e parentes no banco dos réus, somos tolerantes e benevolentes,
mesmo que tenham prejudicado muitas pessoas, e muito embora sejam vistos pelo
restante da sociedade como monstros, para nós são uns amores.
Quando, porém, julgamos
aqueles que nos prejudicaram, a nossa atitude muda radicalmente e se alguém
tentar defendê-los, diremos que o fazem porque não estavam na nossa pele.
Olhando para a vida do
rei Manassés através do capítulo 21 do segundo livro dos Reis, podemos perceber
o que acontece com um homem que se deixa envolver nas armadilhas do orgulho e
da prepotência.
Diz o texto:
“Tinha Manassés doze anos de idade quando começou a reinar e reinou
cinquenta e cinco anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Hefzibá. Fez ele o que
era mau perante o SENHOR, segundo as abominações dos gentios que o SENHOR
expulsara de suas possessões, de diante dos filhos de Israel. Pois tornou a
edificar os altos que Ezequias, seu pai, havia destruído (...) E queimou a seu
filho como sacrifício (...) Além disso, Manassés derramou muitíssimo sangue
inocente, até encher Jerusalém de um ao outro extremo (...) 2Reis 21.1-17)
Talvez, examinando
somente este capítulo, nos precipitemos a dizer que o velho ditado popular: “Tal pai, tal filho!”, parecia ter sido
elaborado para ele.
Porém, se olharmos para a
vida de Ezequias, o pai de Manassés, encontraremos o oposto da conduta do
filho.
O relato bíblico diz que
o rei Ezequias foi tão temente a Deus que não houve antes nem depois dele um
rei com tanto temor a Deus em Judá.
Seu nome significa: “Meu deleite está nele”.
Mas apesar das
preocupações dos pais em encaminhá-lo segundo a vontade de Deus, o garoto
Manassés, resolveu fazer jus ao seu nome que significa: “que faz esquecer”, nome que surgiu quando José disse antes do
nascimento de seu filho Manassés “Deus me
fez esquecer de todos os meus trabalhos, e de toda a casa de meu pai” (Gn
41.51).
Manassés fez tudo errado.
Foi um dos piores reis e não somente de Judá, mas também o pior que os povos
vizinhos já tinham visto.
Era um verdadeiro monstro
em pele de gente.
Não bastasse a sua
maldade, tornou-se ainda, devoto de deuses estranhos e fez passar o próprio
filho pelo fogo, oferecendo-o a Moloque – um deus cananeu que exigia
sacrifícios humanos – e diz o versículo 16 que Manassés derramou muitíssimo
sangue inocente, tanto que encheu Jerusalém de ponta a ponta com ele.
O que temos presenciado em
chacinas nas ruas das grandes cidades e nos presídios do país podem ser
considerados “insignificantes”, perto do que Manassés fez em Judá e região.
Segundo a nossa forma de
julgamento, que fim mereceria o rei Manassés?
Para muitos, certamente, a
morte seria pouco para ele.
Para outros, no entanto,
deveria sentir na própria pele todo o sofrimento que infligira aos seus
adversários e aos inocentes que padeceram em suas mãos ou ao seu comando, mas
bem devagar... até não aguentar mais... e por fim deveria morrer, de
preferência em uma cadeira elétrica.
Para alguns não bastaria apenas
acabar com a vida de Manassés, seria necessário exterminar também toda a sua
família: “Devíamos eliminar a “raça” dele
da face da terra...”, diriam.
Para a felicidade de
Manassés o julgamento de Deus não é igual ao nosso.
Será que um homem como ele
poderia mudar...? Ou “Pau que nasce torto morre torto”?
Miquéias 7.18 diz que não
há Deus como o nosso Deus que perdoa as transgressões, não retém a sua ira para
sempre, porque tem prazer na misericórdia.
O poder de Deus muda a
vida das pessoas
Falou o SENHOR a Manassés e ao seu povo, porém não lhe deram ouvidos.
(2 Crônicas 33.10)
Manassés era tão ruim que
foi necessário algemá-lo, prendê-lo e levá-lo cativo para a Babilônia.
E foi ali, em meio a
dores e tristezas, vendo todo o seu poder humano caindo por terra, que o
monstro Manassés buscou a Deus e se transformou em um dos grandes exemplos de
como Deus trabalha na vida do pecador arrependido.
Aquele homem arrogante e
prepotente rendeu-se ao Poder Soberano de Deus, e na sua angústia clamou a Ele
e humilhou-se na Sua presença.
A partir da experiência de vida de Manassés o que podemos esperar do
infinito amor de Deus?
Deus abomina o pecado, mas ama o pecador.
Deus nos ama de uma forma
que não podemos expressar com palavras do vocabulário humano.
Manassés foi um homem
terrível, mas Deus lhe concedeu a oportunidade do arrependimento, assim como
faz a cada um de nós.
Quantos de nós tem olhado
para os “Manassés” de nossos dias com
os olhos que Deus olharia?
Na maioria das vezes,
temos verdadeira aversão até para chegar perto de mendigos que perambulam pelas
ruas, imaginando que seremos assaltados ou agredidos por eles.
A Palavra de Deus nos
ensina que feliz é a nação cujo Deus é o
Senhor e o povo que escolheu para a sua herança (Salmos 33.12).
Quando olhamos para o
estado de podridão moral a que a nossa sociedade chegou, preferimos fechar os
olhos, culpar os governantes e até mesmo os lideres religiosos, a irmos, nós
mesmos, anunciar o amor de Deus e dar uma oportunidade para que Ele opere
naquelas vidas que estão às margens da sociedade que julgamos correta,
civilizada e “humana”.
É certo que o pecado faz
separação entre Deus e os homens, pois Ele é Santo e espera que também sejamos
santos (Lv 20.7), mas o amor de Deus
espera sempre que O busquemos com sinceridade para sermos resgatados da nossa
incorreta e superficial maneira de viver.
Deus permite que erremos para aprendermos.
A Bíblia nos ensina que “há caminhos que ao homem parecem direitos,
mas no fim são caminhos de morte”. (Pv 16.25).
Quantos de nós temos certas
atitudes que aos nossos olhos parecem corretas e nos conduzem a Deus e por mais
que nossos amigos nos digam o contrário, permanecemos no erro e não queremos
ouvir a ninguém?
Quantos líderes tem
enganado o povo em nossos dias, com essa mensagem de prosperidade e de conquista,
fazendo com que as pessoas se acheguem a Deus por interesses escusos, como se
Ele fosse o “portador” de uma caixa
registradora que se abre toda vez que vamos à Sua Presença para pedir-lhe algo?
Manassés era um rei
terrível e os textos bíblicos relatam que não havia ninguém tão cruel como ele,
e por mais que os profetas o alertassem, ele nunca os atendia. Foi necessário
que ele passasse por inúmeras tribulações para que pudesse aprender a buscar a
Deus com sinceridade.
O Desejo de Deus é de que
todos nós sejamos felizes e que não tenhamos nenhum tipo de problema, mas
quando nos afastamos dEle ficamos sujeitos às armadilhas que o mundo coloca em
nosso caminho.
Muitas vezes, Deus
permite que caiamos nessas armadilhas para aprendermos com elas.
Assim como existem muitas
pessoas onde o arrependimento é pura fantasia ou demonstração exterior, existem
também pessoas sinceras, que verdadeiramente se arrependeram de todos os erros
que praticaram e tiveram suas vidas transformadas pelo poder de Deus.
Deus não despreza um coração arrependido.
Quando Manassés se viu
sozinho, prisioneiro em Babilônia, lembrou-se da conduta de seu pai Ezequias e
sinceramente se arrependeu e buscou a Deus.
Deus ouviu a sua oração e
o fez voltar a Jerusalém.
Para demonstrar seu
sincero arrependimento, Manassés restituiu o altar do Senhor e teve uma conduta
diferente até o final de sua vida.
Quando
estivermos incorrendo em erro devemos rever nossa conduta e buscar a Deus com
um coração sincero. Se assim o fizermos, Ele nos atenderá.
Davi disse que “perto está o Senhor dos que têm o coração
quebrantado e salva os de espírito oprimido” (Salmo 34.18).
Não importa o estado
moral em que nos encontremos, o importante é reconhecer que estamos incorrendo
em erro e tenhamos o firme desejo de mudar o nosso comportamento diante de
Deus.
Manassés não apenas orou
pedindo o livramento de Deus para si e para o povo, mas tomou a atitude do
verdadeiro arrependido: mudou radicalmente a sua vida.
Quando fomos alcançados
por Jesus éramos pecadores e muitos de nós éramos tão ruins quanto Manassés,
mas Jesus nos transformou e nos transportou das trevas para o reino da sua
maravilhosa luz ( 1Pedro 2.9).
Nunca menospreze a
possibilidade de Deus trabalhar na vida das pessoas que consideramos ruins e
impossíveis de mudanças.
Sempre haverá uma
oportunidade para Deus manifestar o Seu infinito amor por nós. Por isso nunca
menospreze a oportunidade que Deus te dá de anunciar acerca do Seu Amor àqueles
que vivem, não somente às margens da sociedade, mas principalmente às margens
do convívio de Deus.
Que o Eterno nos abençoe
e nos dê forças para fazermos a Sua vontade: Fazer conhecido o Seu nome e seu
Infinito amor por todos que criou.
Não há barreiras para o
amor de Deus.
Sempre juntos em Jesus.
A. Carlos
(Texto extraído do Livro “Na
Dimensão do Espírito- Volume I” de autoria de Antonio Carlos da Cunha)