“Nem todo o que me diz:
Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu
Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor!
Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos
demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi
explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a
iniquidade.” (Mateus 7.21-23)
Assim
como Jesus censurou os falsos religiosos, os escribas e os fariseus que
considerou como hipócritas pelas atitudes que tinham em relação ao povo, assim
também os profetas censuravam veementemente aqueles judeus cuja observância
mecânica dos mandamentos bíblicos demonstrava uma total falta de preocupação
pelos princípios éticos neles contidos.
Aquele
que procura cumprir a vontade de Deus através do estudo da Palavra e de tudo
que se relaciona entre ele e Deus, dedicando cuidado especial com o estudo e com
as orações, por exemplo, deve dedicar a mesma atenção e ser minucioso ao tratar
com educação e respeito a seu próximo.
A
observância do mandamento entre as pessoas – amar o próximo como a si mesmo - é
um mandamento de tanto peso para os cristãos que deve ser levado à prática em
todos os atos que entrelaçam os relacionamentos humanos.
A
Bíblia mostra que a má inclinação da carne ou a tentação propriamente dita, a
que todos estamos sujeitos, pode ser driblada e dominada; e dependerá muito
mais do nível de discernimento espiritual e do refinamento em que cada cristão
se encontra pelo mérito de seu esforço pessoal, do que simplesmente relegar a
justificativa de atos negativos simplesmente como obras do azar, do acaso ou
simplesmente transferir a nossa culpa a demônios, como muitos de nós fazemos.
A
ética é o equilíbrio permanente na balança onde o bem está acima do mal, e os
atos são direcionados seguindo a orientação apontada pela própria Bíblia.
Dominar nossos maus instintos, vencer obstáculos e tentações da vida é uma
forma de exercer nosso livre arbítrio de forma efetiva, isto é: positiva.
Como nos ensina a Palavra
de Deus, não estamos abandonados à própria sorte:
“Ora, irmãos, não quero
que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo
mar, tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a
Moisés. Todos eles comeram de um só manjar espiritual e beberam da mesma fonte
espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era
Cristo. Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram
prostrados no deserto. Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim
de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. Não vos façais, pois,
idólatras, como alguns deles; porquanto está escrito: O povo assentou-se para
comer e beber e levantou-se para divertir-se. E não pratiquemos imoralidade,
como alguns deles o fizeram, e caíram, num só dia, vinte e três mil. Não
ponhamos o Senhor à prova, como alguns deles já fizeram e pereceram pelas
mordeduras das serpentes. Nem murmureis, como alguns deles murmuraram e foram
destruídos pelo exterminador. Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e
foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos
séculos têm chegado. Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia. Não
vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá
que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a
tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.” (I Coríntios 10.1-13).
O Cristianismo é regido por regras de moral e ética bem amplas e
definidas transmitidas através da Bíblia e que abrangem todas as áreas da vida.
Para um cristão mostrar que verdadeiramente é nascido de novo ele
precisa antes de tudo ter uma conduta e uma vida regida por princípios bíblicos
e estes nos conduzem diretamente a um comportamento ético.
Esta
é a marca que deve reger o comportamento de qualquer cristão em todos os
campos, tanto nos relacionamentos interpessoais, ou seja, dele com outros seres
humanos, quanto dele em relação a Deus.
Depois
de criar todas as coisas e seres, Deus criou o homem e deste, a mulher, para
estar com ele em todos os momentos, como uma ajudadora, como uma companheira.
Depositou
neles a Sua confiança e definiu qual seria o padrão de conduta que deveriam ter
para merecerem o recebimento das bênçãos Divinas. Para Deus, um compromisso
estabelecido e uma palavra dada sempre devem ser mantidos. Esta é uma entre
tantas lições que se apreende do pecado e de suas consequências ocorrido no
Jardim do Éden, no Paraíso.
O
dilúvio que devastou o mundo a fim de purificá-lo com suas águas, poupou um
único homem bom e justo, Noé e sua família, fornecendo uma prova ímpar sobre a
importância de quem se conduz com moralidade no mundo.
A
Bíblia segue com tantos e incontáveis exemplos nos dando uma visão clara de
qual caminho devemos seguir e de como devemos agir durante todos os anos de
nossa vida: devemos ser o espelho de Deus aos olhos do mundo. Jesus disse que
aqueles que O seguem não andam em trevas porque Ele é a luz do mundo (João
8:12) e de igual forma, disse que nós também, que procuramos viver uma vida
segundo seus ensinamentos somos luz do mundo e não podemos ficar escondidos (Mateus
5:14), porque se assim o fizéssemos estaríamos negando ao mundo a luz dos Seus
ensinamentos e do poder de Deus.
Ser cristão significa, antes de qualquer coisa, ser um individuo
formado pelo caráter de Cristo e isso implica em ser, acima de tudo, um individuo
ético, aquele que pratica atos justos e bons não somente diante de Deus, mas
principalmente diante dos homens, quer sejam eles amigos ou não.
Um
cristão sem ética não pode ser considerado um homem temente a Deus: um homem
nascido de novo, e apesar de cumprir cuidadosamente os preceitos estabelecidos
pela Igreja como sendo importantes no relacionamento com os membros e cumprir
todos os mandamentos que descrevem o relacionamento entre o homem e Deus,
enquanto permanecer não ético, também não chegará a entender que o Criador
rejeita a observância de mandamentos relacionados entre o individuo e Deus por
aqueles que agem de forma imoral em relação aos seus semelhantes, quer
professem ou não a mesma fé e princípios, como nos ensinou o Senhor em Mateus
5.38-48, quando disse:
“Ouvistes que foi dito:
Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso;
mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao
que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se
alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede e não
voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito: Amarás
o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos
inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso
Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas
sobre justos e injustos. Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa
tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os
vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo?
Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.” (Mt 5.38-48)
Como então se explica que possam existir cristãos desprovidos de
ética?
Esta
é uma questão que incomoda todo cristão sensível e, por conseguinte, temente a
Deus, ao se defrontar com a existência de cristãos que muito embora pareçam
fazer a vontade de Deus, diante dos homens, são destituídos de ética e quando
confrontados em relação a isso se revoltam e dizem que “Deus sabe de todas as
coisas e somente. Ele sonda o coração dos homens”. Possuem apenas uma
embalagem, um invólucro, que não condiz com seu conteúdo. São como os escribas
e fariseus descritos por Jesus no evangelho de Mateus:
“Ai de vós, escribas e
fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por
fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de
toda imundícia! Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas,
por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniquidade. Ai de vós, escribas e
fariseus, hipócritas, porque edificais os sepulcros dos profetas, adornais os
túmulos dos justos e dizeis: Se tivéssemos vivido nos dias de nossos pais, não
teríamos sido seus cúmplices no sangue dos profetas! Assim, contra vós mesmos,
testificais que sois filhos dos que mataram os profeta.” (Mateus 23.27-31)
O
problema se agrava quando parte da liderança ou de pseudos lideres transforma e
ensina princípios bíblicos como se fossem um fim em si mesmos, ao invés de
ensinarem que devem ser um meio para aperfeiçoar o mundo conduzindo-o a um
domínio de Deus e preparando-o para a volta do Senhor.
Infelizmente
há cristãos que se acostumaram a restringir suas preocupações religiosas à
prática de rituais repetitivos e exteriores. Entendem que pelo fato de
comparecerem a todas as atividades programadas pela Igreja estão cumprindo com
“sua obrigação” para com Deus e se esquecem de que a vontade de Deus é que verdadeiramente
se convertam de seus maus caminhos e busquem ter uma vida exemplificada pela
Palavra de Deus e não somente aparente, pois como ele mesmo disse:
“Nem todo o que me diz:
Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu
Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor!
Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos
demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi
explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade.” (Mateus 7.21-23)
Espera-se sempre dos cristãos um testemunho de vida, um excelente
comportamento ético, pois quando colocados diante de situações adversas em
relação ao seu próximo, procuram sempre buscar a Deus, sabendo que Ele é Fiel e
há de socorrê-los, impedindo que cometam delitos que poderiam colocar em risco
não somente as suas vidas, mas também de todo um grupo de pessoas, que veria
seu nome manchado diante de escândalos que envolvessem aqueles que se dizem
tementes a Deus e principalmente aqueles que estão à frente de suas
comunidades, quer sejam religiosas ou leigas.
Consequentemente,
as pessoas esperam que atos maus jamais sejam cometidos por pessoas
consideradas cristãs verdadeiras, pois se presume que sejam regidas pelo mesmo
código de conduta, a Bíblia, e tenham como exemplo o próprio Senhor Jesus.
A
Bíblia fornece todos os instrumentos necessários para se chegar a um
determinado lugar, que deve ser o da santidade, da moralidade e da ética. Jesus
nos ensina quais os caminhos para a conduta ética e moral do cristão, mas
depende exclusivamente de cada um de nós usá-los da maneira certa para
realmente nos tornarmos exemplos vivos da Palavra de Deus, cristãos
verdadeiros, por dentro e por fora.
Devemos
entender que muitas de nossas decisões e atitudes podem resvalar em pessoas
próximas a nós e numa escala ainda maior em pessoas que estão distantes de nós.
Vivemos
dias em que muitos escândalos ligados a lideres religiosos, principalmente
evangélicos, que buscando vantagens próprias têm-se envolvido com todo tipo de
negociatas, têm vindo à tona e de certa forma têm impedido que muitos possam
conhecer o verdadeiro Evangelho de Cristo.
São
pastores que apascentam a si mesmos como nos adverte Judas em sua Epístola, que
pela sua importância em esclarecer acerca do perigo que existe quando homens
sem escrúpulos se utilizam da Palavra de Deus para se locupletarem em seus
desejos inferiores.
“Amados, quando empregava
toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me
senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes,
diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos. Pois
certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito,
foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que
transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único
Soberano e Senhor, Jesus Cristo.(...) Estes homens são como rochas submersas,
em vossas festas de fraternidade, banqueteando-se juntos sem qualquer recato,
pastores que a si mesmos se apascentam; nuvens sem água impelidas pelos ventos;
árvores em plena estação dos frutos, destes desprovidas, duplamente mortas,
desarraigadas; ondas bravias do mar, que espumam as suas próprias sujidades;
estrelas errantes, para as quais tem sido guardada a negridão das trevas, para
sempre. Quanto a estes foi que também profetizou Enoque, o sétimo depois de
Adão, dizendo: Eis que veio o Senhor entre suas santas miríades, para exercer
juízo contra todos e para fazer convictos todos os ímpios, acerca de todas as
obras ímpias que impiamente praticaram e acerca de todas as palavras insolentes
que ímpios pecadores proferiram contra ele. Os tais são murmuradores, são
descontentes, andando segundo as suas paixões. A sua boca vive propalando
grandes arrogâncias; são aduladores dos outros, por motivos interesseiros. Vós,
porém, amados, lembrai-vos das palavras anteriormente proferidas pelos
apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo, os quais vos diziam: No último tempo,
haverá escarnecedores, andando segundo as suas ímpias paixões. São estes os que
promovem divisões, sensuais, que não têm o Espírito. Vós, porém, amados,
edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo, guardai-vos no
amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a
vida eterna. E compadecei-vos de alguns que estão na dúvida; salvai-os,
arrebatando-os do fogo; quanto a outros, sede também compassivos em temor,
detestando até a roupa contaminada pela carne. Ora, àquele que é poderoso para
vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante
da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor
nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora,
e por todos os séculos. Amém!” (Judas 3,4;12-25)
Que
o Senhor nos conceda um coração dócil para compreender os Seus desígnios e
ensinamentos, a fim de que possamos viver o Evangelho de forma integral,
fazendo dos princípios éticos nele contidos a nossa regra de conduta diante de
Deus e de nosso próximo.
Sempre
juntos em Jesus.
A.Carlos